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Foto do escritorSea Júnior

Pandemia e saneamento: COVID-19

A disseminação de doenças pode ser diretamente relacionada ao esgoto não tratado, há evidências que a descarga de efluentes domésticos e industriais em mananciais hídricos traz riscos à saúde das comunidades que residem próximas desses corpos d’água, que além de desconforto, ocasiona perigo a vida da população mais carente.


De acordo com pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), aponta-se a diarreia como a segunda maior causa de mortalidade infantil (abaixo dos cinco anos) mundial, justamente prevalecendo em países em desenvolvimento, onde há regiões que não possuem distribuição/acesso a água potável e saneamento básico. A exposição, até mesmo indireta, a esses patógenos presentes nos efluentes não tratados, implica na disseminação de doenças graves como: hepatite A, cólera, leptospirose e entre outras.


Recentemente, o mundo inteiro está encarando uma forte pandemia, tendo como agente causador o vírus SARS-CoV-2, responsável por provocar a doença denominada COVID-19. Esta enfermidade se tornou um problema de saúde pública, visto seu alto índice de disseminação, aliado a sintomas graves no sistema respiratório. Pesquisas e discussões primárias mostram que a transmissão do vírus se dá por meio do contato da boca, nariz e olhos com gotículas de secreções respiratórias de pessoas infectadas. Entretanto, não se descarta a possibilidade de transmissão via fecal-oral, logo que monitoramentos recentes, detectaram presença do RNA do vírus nas fezes de pacientes diagnosticados com COVID-19.


Desde abril de 2020 encontra-se em desenvolvimento o Projeto Monitoramento COVID Esgotos, inciativa conjunta da Agência Nacional de Águas, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, Instituto Mineiro de Gestão das Águas e da Companhia Mineira de Água e Esgoto. Esta pesquisa tem objetivo de monitorar a presença do novo coronavírus nos efluentes de Belo Horizonte e Contagem (MG). Há também pesquisas sendo realizadas em Niterói (RJ), promovidas pela prefeitura e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com objetivo semelhante, verificar a presença de material genético em amostras do sistema de esgoto, desta forma, acompanhando o comportamento do vírus ao longo da pandemia.


Assim sendo, a presença do material genético pode ser analisada como oportunidade, visto que com o aumento de casos, aumenta-se também a carga viral nos sistemas de esgoto das cidades. A coleta de amostras dos efluentes e manutenção de monitoramento periódico poderia prever possíveis surtos e otimizar as ações do serviço de saúde, contribuindo para o controle da transmissão do vírus em regiões descentralizadas.


Levando em conta a atual condição sanitária brasileira, na qual, de acordo com Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), apenas 46,3% do esgoto gerado no país é tratado e 42,3% dos brasileiros não possuem acesso adequado aos serviços de abastecimento de água, podemos destacar que a importância do sanitarismo é indiscutível, tanto por sua influência na saúde e qualidade de vida, quanto pelo aspecto econômico que vincula o saneamento com fatores como: salário mínimo e produtividade.


Higiene frequente e correta das mãos é uma das ações mais importantes para prevenir contaminação pelo vírus COVID-19.” – Water, sanitation, hygiene, and waste management for the COVID-19 virus, Organização Mundial da Saúde.


Orientações da OMS sobre tratamento de água potável e, gestão dos serviços de saneamento aplicam-se para o surto de COVID-10. Purificação da água e tratamento de esgoto pode reduzir a disseminação do vírus.” – Water, sanitation, hygiene, and waste management for the COVID-19 virus, Organização Mundial da Saúde.

Mais informações: https://www.who.int/news-room


Definitivamente o sistema de saúde e o saneamento básico devem redobrar esforços, especialmente, mas não apenas em tempos de pandemia, já que nesse contexto podemos estar despejando enormes cargas virais nos recursos hídricos, acarretando, possivelmente, aumento na disseminação principalmente em regiões carentes de infraestrutura básica. Apesar do alerta, é preciso esclarecer que não há comprovação científica da transmissão pelo contato com esgoto contaminado.


 

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