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Foto do escritorSea Júnior

Você sabe o que é água virtual?

Desde pequenos ouvimos sobre a importância da água, sobre como cerca de 60% do corpo humano é composto por água e como ela é vital para a vida. Sabemos que dependemos da água para cozinhar, lavar as mãos, tomar banho e beber, e diversas vezes é apenas esta parcela de uso da água que contabilizamos como consumidas diariamente pelo ser humano.

No entanto esquecemos que todos os bens de consumo, alimentos, bebidas, vestuário, eletrodomésticos e meios de transporte, que chega até as nossas casas e vidas, também necessitam da água em alguma etapa de sua fabricação. Esta água que não vemos, mas que indiretamente usamos, é chamada de “água virtual” ou água invisível, e está atrelada a tudo que consumimos.


Tanto em escolas como no dia-a-dia apenas alguns exemplos desta água virtual são realmente difundidos e debatidos, como por exemplo o consumo de água para gerar um quilo, ou um litro, de alguns alimentos específicos, conforme gif abaixo.




Porém alguns outros usos/consumos acabam sendo deixados de lado nos debates, como por exemplo, para a produção de uma camiseta são necessários 2.700 litros de água, contabilizados desde o cultivo, a fabricação do tecido e a confecção da peça de roupa. Para produzir um computador, são gastos aproximadamente 31.500 litros de água, usados na lavagem de componentes como silício e placas para eliminar as impurezas. A produção de apenas uma única folha sulfite necessita de 10 litros de água, desde o cultivo das árvores, até o processamento da mesma para gerar as folhas.


A ONU (Organização das Nações Unidas) indica que 110 litros de água por habitante/dia atendem as necessidades básicas de uma pessoa, não levando em consideração a água virtual existente nos diversos bens de consumo. No entanto no ano de 2013 o Brasil registrou um consumo médio de 166 litros por habitante/dia, sendo o Rio de Janeiro o estado com maior consumo per capta, cerca de 253 litros por habitante ao dia. Tais números quando analisados de maneira solta podem não transmitir a magnitude que realmente possuem. Para conseguirmos entender melhor é preciso fazer um comparativo com outros países, como por exemplo, segundo dados de 2009, na Etiópia consome-se cerca de 15 litros per capta, já na China estima-se que este consumo seja de 85 litros (dados de 2009), enquanto que no Reino Unido são 220 litros (dados de 2012).


Partindo de todas estas informações, uma mudança de cálculos é necessária, uma vez que dos 110 litros necessários diariamente para manutenção da vida de um ser humano apenas, não leva em consideração a água virtual, necessária para produção de seus alimentos, seu sabonete, suas roupas e outros. Ao contabilizarmos também esta parcela invisível os números passam a ser ainda maiores conforme o consumo de cada ser humano.


Estes cálculos ascendem uma luz vermelha em sinal de alerta, pois sabe-se que a pouca água doce e própria para uso disponível no planeta (2,5 do total de água no planeta), não será capaz de suportar este ritmo de consumo. Portanto algumas mudanças de estilo de vida, principalmente alguns hábitos consumistas e atividades diárias terão que ser revistas. A adoção de práticas conscientes, como banhos mais curtos e com registro semiaberto, escovar os dentes com a torneira fechada, priorizar máquinas de lavar mais econômicas ou que possuam a função de aproveitar a água escoada de uma lavagem em outra, pensar duas vezes antes de realizar uma compra desnecessária de roupa, eletrônicos e outros bens, e várias outras práticas que já foram mencionadas em posts anteriores geram um impacto positivo no consumo diário da água, contribuindo para a redução do uso per capta da água no pais.



Precisamos desmistificar que a água doce é eterna para podermos trata-la como o bem precioso que é!

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